quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mudando Padrões Negativos.


Texto:  Rodrigo Durante

Ao longo de nossas vidas, acumulamos muitos conceitos de como nós e as coisas são, como certas pessoas agem e, assim, vamos escrevendo nossa história, pautados em fatos e interpretações na maioria das vezes baseadas no medo, no sofrimento e nas limitações. Todos temos sonhos e desejos mas ninguém passa a vida sem ter algum frustrado. Isso ocorre pois em nossa cegueira não percebemos que o que queremos às vezes nada têm a ver com nossa essência, com a expressão mais pura de nosso Ser. A maioria de nossos desejos aparecem para tapar algum buraco, satisfazer alguma carência, uma solução alternativa "de fora para dentro" que muito fracamente nos satisfaz, logo precisando de mais alguma coisa que supra esta falta.

Nascemos com alguns aprendizados pré-determinados, pontos de vista, vibrações a desenvolver. Nossos desejos são meramente artifícios para aliviar a falta que estas vibrações nos fazem, para nos manter em uma zona de conforto por um pouco mais de tempo antes de iniciarmos o trabalho que verdadeiramente viemos fazer aqui.

Começamos, então, nosso caminho de autocura pela dor das frustrações, quando já tentamos de tudo, mas, mesmo assim, as coisas continuam do mesmo jeito, as mesmas histórias se repetindo sempre. É assim que desenvolvemos de forma produtiva uma mentalidade de olhar para dentro e buscar aquela ferida onde uma pitada de amor seria o melhor remédio. A ilusão de que a cura virá de fora ainda é muito forte, mas sem o nosso envolvimento, nossa própria mudança e consentimento nada em nossa vida mudará.

A primeira questão a nos direcionar para dentro são nossos relacionamentos, são os melhores espelhos para nos enxergarmos, para nos mostrar onde estamos errando. Todos nossos relacionamentos serão curados a partir de nós mesmos, ou seja, nós temos que mudar para que eles mudem. 

As descrições que temos registradas sobre nós mesmos, nossos familiares e afins têm que mudar, pois nós não nos relacionamos com as pessoas, mas sim, com a imagem que fazemos delas. Só mesmo uma pessoa totalmente desperta consegue se relacionar com o que as pessoas realmente são em essência e, em essência, todos são Deus.

Se temos muito fortemente registrado que somos de tal maneira, que os outros são tal maneira, que sempre sofremos tal tipo de coisas, que a vida é de tal maneira e ficamos esperando que todos de uma hora para outra fiquem perfeitos do jeito que sonhamos, isso não irá acontecer e mais uma vez iremos nos frustrar, pois a mudança começa em nós. 

Ninguém obtém sucesso em nada na vida sem desenvolver algumas características pessoais, superar medos e bloqueios, aprender a perdoar, desenvolver a coragem e o poder pessoal, a capacidade de ser feliz independente dos fatos, enfim, muitas situações aparecerão para nos tirar de nossa zona de conforto até que aprendamos todas as lições que nós mesmos escolhemos vivenciar antes mesmo de encarnar.

Por isso, nossos relacionamentos mais próximos e todas as dificuldades que passamos com eles são tão abençoadas, pois são nossos maiores aprendizados. Vemos refletidos neles partes nossas muito profundas, o que menos gostamos na gente e o que mais temos dificuldade de enfrentar. Preste atenção como todas as soluções que imaginamos para nossos problemas e irritações são sempre atalhos para nos manter em uma zona de conforto. Dizemos sempre que o outro ou as coisas é que têm que mudar, nós somos sempre os certos da estória. O medo de olhar para dentro é grande, a vaidade e o orgulho sempre colocarão a culpa no outro.

Nossas preocupações e ansiedade também são muito grandes para atingirmos certo objetivo, o que também acaba dificultando de enxergarmos as coisas como elas realmente são. Entendam que aquilo que queremos chegará até nós, mas talvez não da forma que imaginamos. Não sem antes nos tirar de nossa zona de conforto e nos forçar aprender mais sobre nós mesmos, a fazer-nos crescer e nos fortalecer, a nos amarmos e nos aceitarmos incondicionalmente.

Praticamente todos os grandes problemas que nos afligem atualmente têm a ver com nossa autoimagem, amor próprio, o valor que damos a nós mesmos. Com comportamentos que nos condicionamos a ter para conseguir das pessoas o amor e o valor que ainda estamos aprendendo a nos atribuir. Sentimo-nos ainda inferiores, incompletos, acreditamos que precisamos fazer algo para sermos queridos, nos comportarmos de tal maneira que seja aceitável, trabalhar feito loucos em algo por suas recompensas, falar e nos expressar como acreditamos que vão gostar. 

Sem perceber o desalinhamento que isto nos causa, energeticamente criamos máscaras, personagens que incorporamos para agradar ao mundo, nos protegermos ou conquistar o que queremos. Estas máscaras ganham tanta força que em determinado momento não as percebemos mais, achamos que somos nós mesmos. Criam-se desde nosso chakra frontal causando sérios incômodos na cabeça e se alimentam por laços do segundo e terceiro chakras já construídos sob esta energia de pouco amor próprio e pouca autovalorização.

Isso já trazemos de outras vidas, mas nesta se refletiu atraindo de nossos pais e relacionamentos próximos comportamentos que nos fizeram manifestar este "desamor próprio" novamente. Sempre tivemos que fazer algo ou nos comportar de tal maneira para conseguir o amor dos pais. Tínhamos que sorrir, ser educados, comportados, tirar notas altas, ser magros e santos para ganharmos recompensas, que muitas vezes eram materiais quando só precisávamos de um carinho e aceitação.

Tudo isso são feridas de nossa criança interior. Muitas feridas fazem nossos personagens buscarem fora o que não damos para nós mesmos. A cura disso, juntamente com toda ajuda que conseguirmos, é um processo pessoal, devemos buscar conscientemente enxergar nossas qualidades únicas e nos amar do jeito que somos. Sem comparações ou modelos de perfeição herdados, impostos ou autoimpostos. Quanto mais nos amamos mais os outros nos amam. Quanto mais nos respeitamos mais os outros nos respeitam. Quanto mais nos valorizamos mais coisas boas atraímos para nossa vida.

E o que realmente precisamos em nossa vida é Amor. E quando as feridas, crenças, imagens e rótulos negativos que criamos forem substituídas por esse Amor, nosso mundo se transformará.

Certamente, no caminho para nos libertarmos das ilusões de nossos personagens e nos realinharmos a nossa essência encontramos muitas dores, feridas e bloqueios profundos, crenças, imagens e conceitos envolvidos. Mas não há outra alternativa senão o nosso envolvimento consciente e o compromisso com nós mesmos. Procurar em nós mesmos a resposta para o que nos incomoda, pois tudo o que passamos no externo é um reflexo do interno. 

Os resultados que obtemos só dependem da nossa própria mudança. No caminho, busquemos a paz. Busquemos abrir mão de crenças fixas a respeito de como a vida e as pessoas são. Deixemos a luz entrar e nos mostrar onde estamos agindo em desacordo com nossa própria essência. Estejamos abertos a aceitar nossas falhas e dispostos a colocar amor onde antes só haviam sombras. Vocês vão sentir a diferença, não tem como não sentir, pois quando nós mudamos, a vida nos acompanha.


Muita Paz!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ciúme, o inferno do pseudo-amor possessivo!


Texto: Luís Vasoncelos

Todo(a) ciumento(a) afasta, invalida e projeta sobre o outro suas próprias negatividades. Não demora, o outro começa a pensar em se livrar, em se separar e foi o ciumento que, com suas ações, acabou antecipando ou precipitando isto.
O(A) ciumento(a) não é consciente nem parece entender que exatamente aquilo que ele(a) afirma ser o seu maior medo (o do abandono, o de ser trocado por outra pessoa) constitui exatamente o resultado natural de suas próprias ações sobre o outro.

O ciumento típico costuma atribuir ao companheiro o seu persistente sentimento de perda, sua permanente ameaça de rejeição; no entanto, o ciumento é muito mais um rejeitador do que um rejeitado. Ele se antecipa, atuando como rejeitado antes que a possível rejeição aconteça, de modo que, se ela acontecer, ele não seja pego de surpresa, pois está preparado para a rejeição (pelo seu pensamento e sentimento negativos, pelo seu senso de ameaça que nunca descansa) já que, todo o tempo, ele espera por ela, imagina a rejeição... Não é à toa que o ciumento acredita que faz todo o esforço para evitá-la.
O ciumento tem que perceber e admitir que depois que ele entra em um transe de ciúme, ele não é mais dono de si, não controla sua imaginação nem suas emoções e não é mais capaz de nada parecido com uma ação racional. O ciumento encontra-se possuído por forças inconscientes durante a crise. Isso precisa ser admitido antes que qualquer outra possibilidade de entendimento (de si mesmo) possa ocorrer. Este é o ponto de partida e o principal conhecimento de que um ciumento necessita: o do esclarecimento do teor e do sentido de suas crises. Geralmente, a ajuda especializada de um psicólogo é o único caminho de saída.
Vamos refletir juntos e tentar ajudar: paradoxalmente, o(a) ciumento(a), durante seus transes, empurra o(a) companheiro(a) para longe de si, afasta, desconfia, invalida, desconsidera os argumentos do companheiro(a) quando alguém lhe diz que está louco ou que vive imaginando coisas... 
Isto acontece porque, para o ciumento, as "fantasias negativas de rejeição" são realidades aguardando a validação dos fatos vividos. Ou seja, ele já vive rejeitado, aguardando que os fatos vividos comprovem esta realidade, na qual ele vive. Ele se sente como um investigador policial em busca de fatos comprobatórios, mas lhe escapa a parte emocional e inconsciente, que demonstra de modo claro e límpido o evidente preconceito nutrido em seu íntimo. 
Possuído pelo viés negativo inconsciente, ele transforma em culpado aquele que ele investiga, antes mesmo de qualquer evidência. Ele sofre e faz com que seu companheiro sofra, mas não consegue ver em seus atos, pensamentos, sentimentos e expectativas negativas, a razão ou o motivo de seu sofrimento. 
Esta inconsciência de sua realidade psicológica já levou pro abismo muitos ciumentos que, em seus relacionamentos, de outro modo, poderiam produzir resultados melhores, fazendo frutificar estas relações ao invés de torná-las estéreis e negativas. 
Um ciumento típico trabalha para o próprio fracasso muito mais do que ele ou ela é capaz de admitir, mas isto nem de longe modifica os fatos vividos. Para sua própria infelicidade, o aspecto destrutivo, existente no íntimo do ciumento, é tornado inconsciente e obscurecido pelo fato de que, para este, o problema encontra-se NO OUTRO, que não é digno de confiança:
Ele(a) diz: "Ninguém é confiável, só os ingênuos se arriscam a confiar em alguém!"
Em verdade, um ciumento típico não conhece algo que mereça o nome de "confiança", sentimento este que constitui uma espécie de aposta do Ser, que a entrega ao outro, sem qualquer possibilidade de confirmação ou certeza. Costumo dizer que se alguém entrega "confiança", o outro pode ser neutro, atrapalhar ou ajudar, mas não depende do outro, a energia que sustenta uma "confiança," que é positiva, vibrante e se assemelha com sentir esperança, fé, imaginando o melhor e desejando o melhor.

Vamos ensaiar uma descrição resumida sobre o processo que se passa no íntimo do ciumento dominado pelo seu medo de perder e desgastando-se na tentativa de controlar a vida do outro:
- O medo de perder o companheiro o leva ao controle e à vigilância e às medidas de defesa contra a liberdade do outro;
- A liberdade do outro se torna a maior ameaça ao sucesso no controle, então, a liberdade do outro tem que ser suprimida;
- Depois de suprimida a liberdade do outro, sobra a conclusão de que somente a submissão dele garantirá o controle;
- A submissão do outro nunca é completa; então, fica a desconfiança de que sempre que puder ele fugirá ao controle e à vigilância;
- Daí, realinham-se os propósitos iniciais e o controle passa a ser necessário sobre os mínimos atos e momentos do outro, de modo a conseguir a certeza do resultado: o outro não se afastará, não será perdido, não me abandonará, não me trocará por outra pessoa melhor que eu!!!

O ciumento vive inconsciente do fato de que ele mesmo afasta o outro, separa o outro, pois quase nunca foi, de fato, capaz de real proximidade e amor, descontando-se claro a fase inicial da conquista. A ressonância, se existiu na fase inicial do relacionamento, criava uma atmosfera emocional e sentimental que, como energia, construía alguma "confiança" e trazia alguma tranquilidade. 
Devido aos primeiros conflitos de opiniões ou pontos de vista, devido às primeiras brigas e questionamentos, a pseudoconfiança é aos poucos substituída pela desconfiança que sempre existiu, mas estava dormente, residual, aguardando uma oportunidade de se oferecer.
Geralmente, existiu alguma situação específica que fez ou faz o sentimento da desconfiança acordar; contudo, nada obrigou ou obriga que ele persista e não desapareça nunca mais. Uma vez que algo acabe convencendo o ciumento de que ele está ameaçado de perder o companheiro, surge a necessidade do agir perante o persistente perigo, o que leva ao controle e às vezes à exigência da obrigatoriedade da presença do outro em todos os momentos e, quando isso não é possível, daí os mecanismos de controle da liberdade do outro tomam a forma de constantes telefonemas, investigações na bolsa ou carteira, leitura das mensagens armazenadas nos celulares, emails e assim por diante.
O ciumento imagina que o outro não sabe que tudo isso é jogo e que tudo isso não representa uma real preocupação amorosa com o companheiro de relação e, sim, um pesado fardo de desconfiança e controle, sempre cheio de ansiedade e vazio.

Naturalmente, o companheiro aceita o jogo, pois desequilibrar o ciumento é querer que o inferno se instale na relação. Qualquer pessoa inteligente, nesta hora, evitaria o inferno, mas é assim que o ciumento acaba instalando no companheiro um sensor de movimentos e de atividades pessoais: o ciumento consegue isso através de ameaças de que entrará em crise e que a relação se tornará infernal, ao que o companheiro reage reduzindo sua liberdade e tentando mostrar-se confiável, com evitações e cuidados dos mais variados tipos, tentando também controlar a crise infernal de ciúmes do outro e, então, finge pra si mesmo, que conseguiu alguma paz, como se o inferno já não estivesse acontecendo defronte seus olhos... podendo mostrar-se de novo a qualquer momento...

Enquanto se evita a crise de insegurança do ciumento, o problema permanece intocado; no entanto, infelizmente, de nada serve que o companheiro do ciumento faça todo tipo de esforço e pague com sua própria liberdade, pois o problema do ciumento (e sua desconfiança) permanece exatamente o mesmo, intocado, pronto para ser repetido, seus mecanismos de controle, suas cenas de emoções negativas e tudo o mais que constitui aqui o que chamo de inferno do pseudo-amor possessivo.
O companheiro do ciumento faria grande favor a ele se agisse de modo livre e não se preocupasse com o que o outro pensa, já que ele pensa sempre coisas negativas e não tem o menor respeito pela alteridade e sinceridade do outro. Não compactuar com o ciumento é, em verdade, a única chance de ajudá-lo.
Dar testemunho de si mesmo, fazer relatórios verificáveis sobre onde esteve e com quem esteve só deveria servir para a descoberta de que o ciumento vive muito sozinho, pois o testemunho do outro nunca tem valor, o outro não é ouvido e seus testemunhos são sempre recebidos como atitudes e expressões de alguém muito suspeito, não importando se o parceiro é ou não é merecedor disto. Um ciumento típico invalidade o testemunho do outro insistentemente.

Quando alguém aceita ser possuído por outra pessoa e abdica de seus direitos humanos e à liberdade de movimento, de ação e de expressão então, é claro, estará tudo em paz a partir deste ponto. Lamento dizer que a chance disso funcionar é de 0%. 
Um ciumento típico precisa de ajuda especializada e alguém envolvido emocionalmente com ele, é muito provável, não servirá de ajuda ou mesmo pode dificultar ainda mais a situação, que já é bastante confusa, conforme me esforcei em descrever aqui.


Muita Paz
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