sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MeditAÇÃO!

Meditar não é só sentar em posição de lótus numa almofada prestando atenção na respiração. Tecnicamente, a meditação nada mais é do que um exercício de atenção que aos poucos muda a frequência de ondas cerebrais, proporcionando outro estado de percepção, mais vivo, relaxado e direto. Portanto pode-se fazer sentado quietinho ou, então, durante uma atividade qualquer. 
O mestre tibetano Chögyam Trungpa, por exemplo, sequer separava a meditação sentada da meditação na ação. Para ele, uma é simplesmente a continuação da outra "O ideal é que meditemos o tempo todo, 24 horas por dia: quando penteamos o cabelo, ao tomarmos uma xícara de chá, andando na rua ou até vestindo-se", diz Trungpa, autor do livro Meditação na Ação (ed. Cultrix).
E como se faz isso? Em primeiro lugar, com calma. Por isso, são indicadas as atividades que tem movimentos repetitivos, pois eles podem nos levar mais facilmente a um estado de relaxamento. Se na meditação sentada é fundamental atentar para a respiração, quando estamos em ação se deve focar o próprio movimento, sem se perder nos pensamentos.
Normalmente, quase nunca estamos presentes ao que fazemos pois a atenção está voltada à mente. "No dia a dia, aproximadamente 20% de nossa atenção está dirigida ao que estamos fazendo. Mais de 80% dela está centrada em nossos pensamentos. Quando estamos meditando na ação, a proporção praticamente se inverte", diz o mestre tibetano. Com a prática, podemos acrescentar  visualizações aos movimentos observados. Como imaginar, por exemplo, que estamos lavando o peito de nossas mágoas ao lavar um prato. E por que fazer isso? Porque, estamos presentes em cada movimento, vivemos intensamente o aqui e agora. "Nós e os movimentos passamos a ser uma coisa só. Deixa de existir o ego, essa noção angustiante de separatividade do mundo, para existir somente a ação, plenamente vivenciada", afirma o mestre Trungpa. E isso faz bem tanto para o coração como para o corpo.
São inúmeros os benefícios físicos trazidos pela meditação, como o aumento do sistema imunológico, a regularização da pressão e a melhora dos batimentos cardíacos, entre outros.
 E isso tudo vale, é importante frisar, para a meditação sentada e para quem medita se movimentando.


ATIVIDADES COMO FORMA DE MEDITAÇÃO


Cozinhar: é uma prática que pode ser feita quando estamos a sós na cozinha, preparando os alimentos. O segredo é prestar atenção plena em tudo o que fazemos, voltando para a atividade cada vez que nos perdermos nos pensamentos. Cortar legumes, misturar alimentos, provar, temperar, tudo pode ser feito com tranquilidade. (Sonia Hirsch, colunista da revista Bons Fluídos, escreveu um livro, Meditando na cozinha (ed Correcotia)


Tarefas Domésticas: Certos afazeres, como lavar louça, varrer o chão, também convidam ao exercício da plena atenção. O monge budista americano Jack Kornfield, depois de meditar anos em centros budistas asiáticos, se viu de novo diante das tarefas cotidianas ao voltar para os Estados Unidos. Não teve dúvida. Ao lavar o chão, além de focar nos movimentos, imaginava que o seu coração e de todos os seres estavam sendo purificados. Escreveu o livro  Depois do Êxtase, Lave a Roupa Suja (ed Cultrix), com propostas de visualização para fazer durante as tarefas do dia a dia.


Comer: O próprio Buda elaborou regras para que a meditação continuasse na hora da comida. Nos mosteiros zens e no Centro de meditação Shamabhala (budismo tibetano), essas regras são postas em prática durante os retiros. Todos comem em conjunto, como numa dança e cada detalhe tem um sentido. No dia a dia é possível aplicar os princípios do orioki (comer meditando): silencio, tranquilidade, gestos calmos e atenção nos diversos sabores.


Fotografar, Pintar, Fazer Cerâmica, Bordar:  Alguns fazeres artísticos são pura atenção no aqui e no agora. A arte de fotografar meditando se chama miksang ("olho vivo" , em tibetano) e consiste em clicar o que captura a nossa atenção. fazer haicais (poesia japonesa que em pouquíssimas palavras captura a essência de um momento) pode ser outra forma de meditar na ação.


Caminhar, Correr, Nadar, Pular Corda: Essas atividades pedem e estimulam a capacidade de concentrar. O monge vietnamita Thich Nhat Hahn ficou célebre com seu livro Meditar caminhado (ed Vozes), em que ele narra como perceber os passos e o corpo. também indica algumas vizualizações simples, como imaginar que a cada passo se abrem flores de lótus a nossos pés. Os princípios do monge vietnamita podem ser aplicados a vários esportes e atividades físicas.


(www.shambhala-brasil.org)
Muta Paz!

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