Outro dia conversando com umas amigas elas se queixaram um pouco do salário que estavam recebendo da empresa. Perguntei então porque não trabalhavam em algo por conta própria, pois assim poderiam ter possibilidades de ganhos ilimitados. "Medo der arriscar. É melhor ter um fixo que é certo, mesmo que seja pouco". Foi o que responderam.
Quando um relacionamento está ruim e você pergunta por que a pessoa não se separa e vai em busca de outro relacionamento, a reposta pode ser: "medo de acabar e ficar só; culpa de pensar em acabar; pena dos filhos; medo de recomeçar...".
Um casal que venha adiando o sonho de ter filhos poderá dizer que é melhor não ter por que o mundo está muito violento, ou por que tem medo da responsabilidade que um filho implica.
Outros podem não querer casar ou namorar por terem medo de ficar presos, perder a liberdade e etc...
O que há em comum em todas as repostas acima é que sempre surge algum sentimento negativo (medo, culpa, pena) que influencia na decisão. Estamos constantemente consultando nossos sentimentos e eles nos dizem, em grande parte das vezes, se podemos ou não ou se devemos ou não fazer determinadas coisas. Quanto mais intensos os sentimentos, mais eles irão influenciar nossas ações.
Bom seria se nós pudéssemos colocar de lado os sentimentos negativos, e assim, partindo de um estado de paz interior, tomar as nossas decisões.
Se você não tivesse medo de arriscar, ficaria no mesmo emprego? Se você não tivesse medo de ficar só, ainda ficaria casado com a mesma pessoa? Se você não sentisse medo de falar em público, será que daria palestras ou trabalharia em algo diferente? Caso não sentisse penas dos filhos e não tivesse medo de perder o amor deles, será que você seria mais firme e diria não com mais freqüência? Se você pudesse, por um minuto, colocar seus medos e outros sentimentos negativos de lado, que áreas da sua vida você mudaria? Que atitudes diferentes teria? De quais pessoas se afastaria? De quais pessoas se aproximaria?
As vezes mascaramos, com argumentos que parecem plausíveis, os reais sentimentos por trás das nossas ações (ou por trás da nossa falta de ação). A pessoa pode, por exemplo, dizer que "prefere" ficar em determinado emprego no qual não está plenamente satisfeita e poderá falar de algumas vantagens deste trabalho. Mas, quando vamos investigar mais profundamente, não é que ela prefira, é que ela tem medo de ir em busca de outro melhor, ou não se sente capaz, ou se acha velha demais, nova demais, ou ganha um bom salário e por isso não vai em busca do seu sonho...
O que acontece é que quanto mais estamos envolvidos com o que realmente amamos, no caso o sonho de trabahar em determinada área, mais conseguimos enxergar a nossa vida com outros olhos e mudamos os pensamentos que estamos usando no momento envolvidos com a limitada idéia de um bom salário. E assim é pois estamos com o Coração completo.
Vamos dizer que chegue uma mulher no consultório dizendo que deseja se separar. Aparentemente é isso que ela deseja e poderá ser a melhor coisa a fazer. Mas a principio, com tantos sentimentos negativos que ela traz o consultório, não tenho como saber se esse realmente seria o melhor caminho. O que fazemos então? Vamos dissolver as emoções.
Eu listo com ela todos os sentimentos negativos envolvidos na situação. O que é ruim de estar casada com essa pessoa? Que mágoas ela guarda? Quais os defeitos do outro?
Investigando por outro ângulo. Quais são os medos e sentimentos negativos que surgem ao pensar em se separar? Medo de ficar só? Pena do marido? Tristeza pelos filhos? Medo de não conseguir se manter financeiramente?
Um trabalho bem feito irá limpar a questão por todos os ângulos: os sentimentos que fazem a pessoa querer se separar e os que fazem a pessoa ter medo de separar.
Ao procedermos dessa forma vamos tirar as emoções negativas que estão influenciando a decisão.
Surge então uma paz interior mais profunda, que é a própria essência do ser humano se manifestando. Dentro desse estado de paz, a melhor decisão simplesmente brota e a mulher saberá o que fazer.
A decisão vem com uma certeza, uma confiança que antes não havia, e não fica mais ao sabor das emoções, pois estas foram dissolvidas.
(André Lima - psicólogo)
Muita Paz!
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